O diagnóstico do quadro tende a ser mais complexo em meninas.

Os primeiros casos do que passou a ser chamado de autismo ou transtorno do espectro autista (TEA), como é cientificamente chamado, começaram a ser documentados em meados de 1944. De lá para cá, a forma mais confiável de diagnóstico continua sendo a clínica, onde os médicos analisam o comportamento do paciente. Muitos dos métodos utilizados hoje conseguem satisfatoriamente diagnosticar uma pessoa com o transtorno, mas, devido aos graus que o quadro apresenta, ainda há um grupo que está saindo prejudicado: o das mulheres.

 

O autismo afeta principalmente o comportamento do indivíduo desde suas mais tenras idades, podendo ser diagnosticado em bebês de poucos meses. Como o próprio nome diz, o quadro se trata de um espectro onde seus “sintomas” se manifestarão de diversas formas, variando desde graus mais leves até os mais severos. A grande questão é que não existe uma cura para o transtorno, mas, quanto mais cedo o paciente for diagnosticado, mais rápido um tratamento com bons prognósticos para melhorar suas capacidades sociais poderá se iniciar.

 

Sabe-se também que existem mais casos entre garotos do que garotas. Um levantamento do Reino Unido, por exemplo, mostrou que para cada 10 casos entre homens, existe um entre mulheres. Predominância que se repete em grande parte dos levantamentos do tipo. Estima-se também que a disparidade real entre gêneros é menor, pois o sexo masculino não possui uma propensão maior cientificamente comprovada para o quadro. Na realidade, o que se sabe é que há uma subnotificação de casos envolvendo o gênero feminino. Para os cientistas e profissionais da saúde, garotas com graus leves saberiam camuflar o transtorno, muitas delas sendo diagnosticadas como “tímidas” ou até mesmo como “depressivas”, o que orientaria incorretamente um tratamento. Ou seja, existem várias crianças e até mulheres em idades avançadas que não têm ciência de seus próprios quadros.

 

A importância do diagnóstico precoce de autismo

 

É sabido que o tratamento possui maiores taxas de sucesso em crianças mais novas, melhorando, assim, seu convívio social. Mas alguns dos que foram diagnosticados tardiamente relatam ter lidado com outro sentimento: o de se sentir diferentes dos outros, assim como relata Maura, de 50 anos, à BBC:

 

Ainda criança, parecia que todo mundo menos eu havia recebido um manual sobre como se comportar ao redor de outras pessoas.[…] Quando meu autismo foi identificado, foi como se eu tivesse tirado do corpo um espartilho que eu sequer sabia estar usando. […] O mais importante é que o diagnóstico enriqueceu minhas relações pessoais e fez de mim uma mãe mais confiante.”

 

O futuro do diagnóstico do Transtorno do espectro autista

 

Quadros mais severos poderão ser facilmente identificados até em bebês por volta de 18 meses, mas, para os casos mais leves e sutis, há a necessidade de se aprimorar as formas de diagnóstico, segundo o professor da Brown University, Eric Morrow.

 

Apesar de alguns estudos mostrarem alguma relação entre autismo e proteínas no sangue, eles não possuem comprovação científica e nem uso médico ainda. A análise clínica continua sendo a melhor forma de se identificar o TEA. Nesse sentido, a atenção dos pais também é crucial e deve se voltar aos mínimos detalhes e sintomas, que são similares entre os dois gêneros:

 

  • Falta de contato visual
  • Atraso para começar a falar
  • Alterações comportamentais, como manias, apego excessivo a rotinas e ações repetitivas.

 

Diante da menor suspeita de que algum comportamento de sua filha seja incomum, os pais devem procurar ajuda médica e, nesse sentido, até segundas opiniões. Os casos mais leves poderão se amenizar com o devido acompanhamento médico e psicológico.