Após o procedimento bem-sucedido, já se fala em oferecer a cirurgia em larga escala. Entenda mais sobre ela e quem poderá realizá-la.

No dia 27/06 é comemorado o dia internacional do diabético, data que visa, acima de tudo, conscientizar a sociedade sobre o quadro no qual milhões de pessoas estão inseridas. Porém nesse ano houve um motivo para se comemorar na data. Na mesma semana do dia 27, foi realizada de forma bem-sucedida, a primeira cirurgia para tratar a diabetes tipo 2 pelo Hran (Hospital Regional da Asa Norte). O procedimento, que antes era realizado de forma experimental pela rede privada, agora poderá ser realizado pelo SUS por todas pessoas consideradas aptas.

 

A diabetes tipo 2

 

A doença se caracteriza por uma dificuldade de absorção da glicose pelas células do corpo devido a uma resistência à insulina, hormônio encarregado de promover a entrada de glicose nas células, fazendo que uma concentração perigosa da substância fique no sangue. Em 2015, o IBGE estimava que 9 milhões de brasileiros convivessem com a diabetes – tipos 1 e 2 -, número que só aumentou desde então, abrangendo até os mais jovens. Se fazem necessários para o tratamento, remédios, uma dieta regrada e uma mudança de estilo de vida para que o diabético não passe por maiores complicações em virtude da doença. Sendo que, mesmo com esses cuidados, a doença pode continuar avançando, se tornando necessária a intervenção cirúrgica.

 

Sobre o procedimento

 

A cirurgia metabólica, que acelera a passagem do alimento até o intestino, resulta na produção da substância incretina, que atua no pâncreas e o faz produzir insulina mais rápido, reduzindo os níveis de glicose no sangue.  Tal procedimento já era realizado de forma experimental pela rede privada e chegava a custar por volta de R$35 mil reais. Após ser aprovada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em 2017, abriu-se espaço para que tal procedimento fosse feito pelo SUS. O que se tornou realidade no dia 25/06/2019, quando foi realizado de forma pioneira pela equipe de médicos do Hran, comandada pelo médico Renato Teixeira.

 

Operação diabetes tipo 2 HranRegistro da cirurgia realizada em 25/06/2019 (foto: Breno Esaki/Saude-DF)

 

A intervenção, considerada de baixo risco e pouco invasiva, é basicamente uma cirurgia bariátrica que visa o tratamento da diabetes tipo 2. Eliete Alves da Costa Barros, a paciente submetida à operação, já não respondia ao tratamento clínico contra a doença e corria o risco de ficar cega devido ao avanço do seu quadro. Agora, Eliete já vislumbra um futuro sem as medicações que antes tomava diariamente. Seu procedimento, realizado por videolaparoscopia, durou cerca de 40 minutos e, passados dois dias, Eliete recebeu alta e foi para casa. A partir daí começou um período de acompanhamento de, aproximadamente, um ano por uma equipe multidisciplinar do hospital.

 

Os benefícios da cirurgia

 

Além de dispensar o uso de remédios na maior parte dos casos, a operação promete um maior controle sobre os níveis de glicemia, diminuição da mortalidade ocasionada pela diabetes tipo 2, diminuição de doenças renais, assim como cegueira e amputações, consequências da doença. A cirurgia, que passará a ser oferecida pelo SUS, promete também economizar dinheiro público ao diminuir a necessidade de compra dos medicamentos pelo governo. Gasto que alcança a cifra dos bilhões anualmente. Apenas o Hran espera realizar até seis procedimentos do tipo por semana.

 

Quem poderá realizar o procedimento?

 

Segundo a resolução (Número 2.172/2017) do CFM, que reconheceu a cirurgia para a diabetes tipo 2, nem todos os pacientes estariam aptos para a intervenção. Para realizá-la, o candidato à cirurgia precisa atender às seguintes condições:

 

  1. Possuir IMC entre 30 kg/m² e 34,9 kg/m²;
  2. Possuir diabetes miellitus tipo 2 há menos de 10 anos;
  3. Ter mais de 30 anos e no máximo 70 anos;
  4. A indicação cirúrgica precisa ser feita por dois médicos especialistas em endocrinologia;
  5. Não ter obtido resultado satisfatório com o tratamento medicamentoso e nem com mudanças no estilo de vida;
  6. Não possuir contraindicações para o procedimento cirúrgico proposto.

 

Lembre-se! Aferir os níveis de glicose é uma atividade obrigatória e que deve ser realizada regularmente pelo diabético. Na “tenda da saúde”, evento realizado pelo Laboratório Dom Bosco, tal exame é realizado de graça. Fique atento às datas da tenda e fique em dia com sua saúde!

 

Com informações da Agência Brasília.